12/10/1971 – Foi o dia em que nasci, dia de Nossa Senhora Aparecida… Filha de uma família simples, honesta e muito trabalhadora.
Tenho lembranças de minha infância levando na cestinha de minha bicicleta (Monark) alguns alimentos para uma família que necessitada. Minha vó Lídia dizia: é pouca coisa para nós minha filha, mas é muito para quem não tem nada.
Um dia eu perdi o transporte escolar de volta para a casa e uma menina da turma da tarde, de umas 3 séries acima da minha, filha do dono do Mercado Dubom do Sr. Pedrinho que cedia a Kombi para levar eu e outras crianças para escola, me viu chorando, me confortou e ficou comigo até meus pais chegarem. Ela nem me conhecia direito, só de vista, mas mesmo assim, se dispôs a me ajudar em um momento difícil. Nem ela imaginava que este gesto pudesse mudar a vida de uma pessoa. Talvez um dia eu a encontre novamente.
Minha mãe trabalhava na Escola Profissional Feminina de São José e eu, com 14 anos, fiz o curso de costura nesta escola e comecei a consertar e transformar as roupas para mim.
Durante a minha infância sempre ouvia a minha mãe falar em economia e reciclagem: não deixar ficar muito tempo no banho, aproveitamento das cascas de frutas e verduras como adubo, hortinha e muitas frutas no pequeno quintal (goiaba, banana, mamão, morango, laranja, ameixa, uva, carambola e sirigüela). Ela também costurava as roupas rasgadas e as transformava em outros produtos e sempre enviava para o conserto os equipamentos de cozinha e não simplesmente jogava fora.
E os anos foram se passando…
Em 1990, entrei no Curso de Engenharia Sanitária e tivemos uma viagem de estudos para conhecer o lixão de Joinville, fiquei impressionada de como é feito o tratamento do nosso lixo de cada dia e com a quantidade de coisas que não precisavam estar lá.
1991: saí da Engenharia Sanitária e fui cursar Ciências da Computação, nesta época optava muitas vezes em usar os livros da biblioteca ou fazer cópias para diminuir os custos com os estudos e situações já aconteceram como: trocar a minha porção de carne por sagu com os colegas da Engenharia, esta situação nos mostra que até em um simples almoço entre amigos é possível ter um DoeGanhe.
1997: foi meu casamento com Wanderson, foi uma linda festa. Sobrou muita comida, até surgiu a ideia de doar para alguma instituição, mas na época não veio nenhuma na mente e as lindas flores? Que pena, o que fazer com elas depois de um casamento? Um pouco levamos para o cemitério nos túmulos de minhas queridas avós Lídia e Hilda, mas poderiam também ter alegrado alguma instituição ….
Em 2004, nasceu o Vitor e precisamos ficar mais um dia na maternidade Carmela Dutra, pois ele não conseguia amamentar. Veio até a fonoaudióloga para avaliar e nada…. Até que surgiu uma enfermeira que trabalhava no setor Banco de Leite da maternidade: olhou nos olhos do Vitor e conversou calmamente e, a partir deste momento, ele começou a amamentar normalmente. Foi aí que conheci este lindo setor, que ajuda muitas mães e filhos com dificuldades no processo de amamentação. Precisei ir mais umas 3 vezes lá, depois que fui para casa, para dicas e apoio no “empedramento “ dos seios e consegui amamentar o Vitor até completar 1 ano.
Vitor nasceu em março e neste ano o período de inverno foi muito chuvoso. Até tivemos o furacão “Catarina”.
Muitas vezes eu sentia a necessidade de fazer pedidos pela internet e não achava as mercadorias específicas, tipo:
- Está acabando o leite XX e quem pode me entregar hoje ?
- Receberei uma visita em pouco tempo e preciso de um bolo e quem pode me entregar?
Pensei: vou criar um site de tele-entregas.
Em 2006, nasceu o Lucas…
E o meu tempo diminuiu mais ainda e a minha necessidade de encontrar coisas pela internet só aumentou….
E a internet foi evoluindo ….e os tele-entregas foram aparecendo…
Após o nascimento do Lucas, recebemos a visita dos amigos Aldo e Cláudia. Aldo é antropólogo e estudava a cultura indígena e falou que as mulheres têm um grande potencial de novas ideias logo após o nascimento do filho…
Então me bateu uma vontade de usar os meus conhecimentos de gestão e TI para um projeto onde seria possível ajudar as pequenas Instituições a arrecadar mais doações e eficientes para o que precisam em determinado momento.
2007: No meu trabalho, mudei da Gerência do Suporte Técnico (período muito gratificante pessoalmente e profissionalmente) e fui para área de Análise de Sistemas.
Pensei: Puxa, agora com os conhecimentos de mapeamento de processos e análise vou fazer o meu projeto….
2010: No curso de mapeamento de processos comecei a mapear o processo de funcionamento do projeto DoeGanhe.
O tempo foi passando, filhos crescendo e depois de 3 mudanças de apartamento …
Pensei: preciso criar um site que eu possa desfazer de coisas e que vá para quem realmente precise e use.
Em 2012 nasceu a primeira versão do projeto no papel.
Alguns brinquedos de meus filhos quebravam e eu ficava com pena de jogar no lixo, pesquisei na internet e achei o projeto “Oficina do Brinquedo”. Eles limpam brinquedos usados, consertam brinquedos e depois doam para instituições de apoio a crianças carentes. Depois, todos os anos guardamos os brinquedos sem uso ou quebramos e enviamos para este lindo projeto.
No meu prédio, o simpático porteiro Jette e presidente da atual ABECL – Associação do Balneário Esporte, Cultura e Lazer nos falou sobre este lindo projeto e começamos a doar as chuteiras que deixavam de servir dos meus filhos e apoio aos eventos que alegravam muitas crianças na região do Balneário.
2015: Através de minha amiga Mari, conheci o ”Movimento Perfeito” – http://www.movimentoperfeito.com.br/ e criamos um grupo de amigas ( Eu, Mari, Liane, Jackie, Nety e kátia) para apoio em tornar real os nossos projetos e sonhos.
Nos reunimos algumas vezes durante o ano para avaliarmos o andamento de nossos projetos, apresentar novas técnicas, livros e assuntos que possam nos ajudar a realizar as nossas missões.
Em uma viagem encontrei na banca do aeroporto o livro da Shari Arison, Ative sua bondade, transformando o mundo através da prática do bem. Amei o livro e foi onde conheci o projeto “Dia de Doar” http://www.diadedoar.org.br/
No final de 2016, minha mãe ficou muito doente e precisei parar um pouco o projeto, mas na verdade foi a força que eu precisava para dar continuidade em 2017.
Um dia eu estava em uma loja na Trindade e falei para uma senhora sobre o projeto DoeGanhe, no dia ela falou que não gostou do nome… e me disse: eu trabalho como voluntária em uma associação e não ganho por isso, faço por que quero ajudar as pessoas. Naquele dia fiquei um pouco confusa, mas saiu a frase:
Não existe doar sem nada ganhar: sempre quem ganha ganha e quem doa ganha.
E o maior ganho que temos é para nossa alma, ajudar nos faz bem: nos ajuda no poder da gratidão e na criação de uma corrente do bem
E mantive o nome do projeto DoeGanhe.
Em 08/08/2017, com apoio dos meus filhos Vitor e Lucas e meu marido Wanderson, foi feita a primeira apresentação do projeto para colegas de várias áreas ( Daniel, Ricardo, Ana Magda, Denise, Mari, Liane, Nety, Dico, Eduardo, Winícius, Marcus, Luciana, Daniela, Daiane, João, Davi e a pequena Joana), para conseguir apoiadores e poder concretizar o projeto.
Consultei o SEBRAE para dicas no desenvolvimento do projeto e que foram muito proveitosas.
Neste ano, com meu filho Lucas, já com 10 anos, entregamos cartinhas nos apartamentos do nosso prédio para arrecadar brinquedos usados ou quebrados para o projeto Oficina do Brinquedo. Que alegria: foi um sucesso.
Também neste ano mudei novamente de setor no meu trabalho e meu colega Emerson, estava colocando no ar o sonho de sua loja virtual a “Tudo Saudável” e ele me indicou a empresa We Do Logos.
2018: Contratei o desenvolvimento do projeto com a We Do Logos e com apoio do colega Ricardo da DigHost, em 11/2018, entrava no ar a primeira versão do site www.doeganhe.com.br.
Neste ano também conhecemos o projeto Soldados de Luz e doamos os brinquedos arrecadados para o projeto Soldados de Luz do papai noel Claudemir e para a Oficina dos brinquedos.
No dia da entrega das doações reunimos algumas crianças do prédio para doarem brinquedos que não usavam mais para o papai Noel doar para outras crianças e foi muito emocionante e gratificante este dia.
Após a entrega das doações, uma história muito linda aconteceu…
Com o site no ar fomos conhecendo outros projetos e instituições como a Abelhinhas de Palhoça, Novo Alvorecer de Coqueiros, Seove do Campeche, Anjo querido de Biguaçu, Centro Espírita Luz do Caminho – Palhoça e CEFAC – Casa Espírita Fabiano de Cristo – Jardim Atlântico – Florianópolis.
Também em 2018, nasceu o conceito da rede DoeGanhe com criação do grupo WhatsApp “DoeGanhe Padrinhos” para troca de informações entre representantes de algumas instituições e projetos.
Em maio de 2021 foi lançada a versão atual do site, novamente com apoio da We Do Logos e em junho, iniciamos a divulgação nas redes sociais, esta gerenciada pela amiga Daiane Quinto.
2022: Recebemos o apoio da Flavinha Recicla (Praia do Sonho/Palhoça) e de minha prima Néia Quadros (Barra do Aririú/Palhoça) e começamos as campanhas de arrecadação de lacres de latinha e embalagens metálicas de medicamentos (blisters) para conversão do valor arrecadado para doação às causas sociais.
O projeto consiste em divulgar de forma centralizada em site na internet e redes sociais as necessidades, eventos e projetos na Grande Florianópolis, bem como de informações de locais para quem precisa de doação ou deseja doar.
O projeto foca na doação e reciclagem de materiais e não na doação de valores em dinheiro.
Sobrou? Não jogue fora e nem guarde.
Doe!!Alguém pode estar precisando agora.
Ganhe!! Um mundo melhor